#DilmaFica: apoio popular coloca em xeque o rito do impeachment
- Associação Participe de Comunicação Social
- 17 de dez. de 2015
- 4 min de leitura

Movimentos sociais, entidades sindicais, estudantes e partidos políticos ocuparam as ruas em todo o país na quarta-feira, 16/12, em ato que ficou marcado como o "Dia Nacional de Mobilização em Defesa da Democracia". Os manifestantes tinha como pauta comum o repúdio ao processo de impedimento da presidenta Dilma Rousseff, contra o ajuste fiscal do governo e em favor da saída do pemedebista Eduardo Cunha da presidência da Câmara Federal.
De acordo com os organizadores, 275 mil saíram as ruas em todo o país. Pelo menos 23 cidades (18 capitais) registravam atos a favor de Dilma: Alagoas, Amapá, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Sergipe.
Paulista tomada por mais de 100 mil
A capital paulista concentrou a manifestação com maior público. De acordo com a organização, mais de 100 mil saíram em frente ao vão-livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp) e caminharam pela Avenida Paulista com destino à Praça da República. Conforme o movimento avnçava, e as pessoas iam saindo de seus trabalhos, o número de manifestantes aumentava.
Vestidos de vermelho e empunhando bandeiras de apoio ao governo, os manifestantes vindos de várias cidades de São Paulo tomaram os dois sentidos da avenida e exclamavam gritos de “não vai ter golpe” e “fora Cunha”.
Na descida da Consolação, os apoiadores do governos ficaram eufóricos ao ouvirem no principal carro de som que a Procuradoria-Geral da República pediu o afastamento de Cunha da presidência da Câmara.

Participaram do ato integrantes da Central Única dos Trabalhadores (CUT), da Intersindical, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), da União Nacional dos Estudantes (UNE), União da Juventude Socialista (UJS), do PT, PCdoB. PSOL e PDT.
As entidades leram um manifesto contra o retrocesso e a política econômica. "Cunha tenta subordinar o destino do país à salvação do seu pescoço. Não há dúvida que eventual governo Temer representaria um ataque aos direitos dos trabalhadores. As ruas pedem 'Fora, Cunha', atolado em denúncias de corrupção...", diz parte do documento.
Em discurso no ato, o presidente nacional da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, esta foi a primeira vez, desde o pedido de impeachment do ex-presidente Fernando Collor, em 1992, que os movimentos sociais e sindicais se uniram em defesa da Democracia e dos direitos dos trabalhadores.
“É um ato cívico, um ato em defesa da democracia, em defesa da cidadania e da liberdade, pelo fora Cunha e pela mudança da política econômica”, disse Freitas à Agência Brasil.
Mesmo em apoio ao governo, os trabalhadores também estavam protestando contra o ajuste fiscal e pediram a saída do Ministro da Fazenda, Joaquim Levy.
Cunha é o principal alvo dos manifestantes no Rio
As manifestação no Rio de Janeiro tiveram concentração em frente à Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) e também na Cinelândia. Com “empurra o Cunha que ele cai” e “não vai ter golpe”, manifestantes também fizeram um ato em frente ao escritório do deputado Eduardo Cunha no centro do Rio.
Manifestado assinados pelos movimentos presentes no ato paulista:
CONTRA O IMPEACHMENT! NÃO AO AJUSTE FISCAL! FORA CUNHA!
O momento político pede muita unidade e mobilização popular. O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, aceitou a instalação do processo de impeachment da Presidenta Dilma, numa tentativa de chantagem a céu aberto. Tenta subordinar os destinos do país à salvação de seu pescoço. Não há nenhuma comprovação de crime por parte de Dilma, e o impeachment sem base jurídica, motivado pelas razões oportunistas e revanchistas de Cunha é golpe.
As ruas pedem: Fora Cunha! Atolado em escândalos de corrupção e representante da pauta mais conservadora, Cunha não tem moral para conduzir o processo de impeachment, nem para presidir a Câmara dos Deputados. Contas na Suíça, fortes acusações de lavagem de dinheiro são crimes não explicados por ele. Cunha será lembrado pelo ataque aos direitos das mulheres, pelo PL da terceirização, a proposta de redução da maioridade penal e por sua contrarreforma política. Os que querem o impeachment são os mesmos que atacam os direitos dos/das trabalhadores (as), das mulheres, dos /das negros (as) e disseminam o ódio e intolerância no país.
Ao mesmo tempo, entendemos que ser contra o impeachment não significa necessariamente defender as políticas adotadas pelo governo. Ao contrário, as entidades que assinam este manifesto têm lutado durante todo este ano contra a opção por uma política econômica recessiva e impopular. As consequências da crise econômica mundial estão sendo aprofundadas pelo ajuste fiscal promovido pelo governo federal, que gera desemprego, retira direitos dos trabalhadores e corta investimentos sociais. Não aceitamos pagar a conta da crise.
A saída para o povo brasileiro é a ampliação de direitos, o aprofundamento e o fortalecimento da democracia e as reformas populares. O impeachment representa um claro retrocesso na construção deste caminho.
Seremos milhares nas ruas no dia 16 de dezembro de 2015. Será o dia Nacional de Luta contra o Impeachment, o ajuste fiscal e pelo Fora Cunha. Convidamos a todos os Brasileiros e Brasileiras a fazerem parte desse bloco contra o retrocesso e por mais direitos.
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